Caros leitores, faz agora 84 anos que se deu no nosso país uma revolução que iria por fim á Primeira República e que instauraria a ditadura militar que iria durar até 1933, ano em que se votou democraticamente a nova constituição que daria origem ao Estado Novo.Mas afinal porque se deu esta revolução?Primeiro creio que será preciso analisar os factos que a ela deram origem e tentar explicar aos meus estimados leitores o que de facto aconteceu na madrugada de 28 de Maio de 1926. Recorde-se que nessa altura Portugal vivia uma imensa instabilidade política e social. No campo político observe-se que em menos de 16 de vigência da República tinham existido imensos governos, alguns dos quais não chegariam a estar sequer um mes no poder, assim como todos os presidentes da república, exceptuando o caso de António José de Almeida, que cumpriu inteiramente o seu mandato, não cumpriram o mandato completo, sendo que um dos presidentes, o General Sidónio Pais foi assassinado em Dezembro de 1918. No campo social, as dificuldades económicas agravadas pela participação do país na I Guerra Mundial tinham feito da desordem, dos roubos, das pilhagens, da pobreza e da miséria uma constante.Portanto, para evitar que esta situação continuasse, um grupo de oficiais decidiu revoltar-se e organizar um golpe de estado para por um ponto final na situação que se vivia. Foi então escolhido para liderar o golpe o comandante Mendes Cabeçadas, republicano que fizera parte na implantação da República e que andava envolvido em várias actividades partidárias, sendo nomeado para as acções a desencadear no Norte o General Gomes da Costa, um militar prestigiado.Foi na madrugada de 28 de Maio de 1926 que em Braga se declarou o golpe de estado, tendo Gomes da Costa pronunciado a célebre frase "Ás armas Portugal, pela liberdade e Honra da Nação !". Foi um apelo contra a situação que se vivia nesse momento e que estava a causar um enorme descontentamento, quer no seio das forças armadas, quer na própria população em geral.Em Lisboa o comandante Cabeçadas apresentou-se ao presidente da República como chefe do movimento. Devido a isto foi preso juntamente com o comandante Gama Ochoa.Para impedir que a revolta continuasse o governo fez sair tropas do Porto, mas estas acabariam por aderir á mesma.A aderência das tropas foi muito numerosa, o que permitiu a renúncia do governo de Bernardino Machado.Nessa altura o cargo de Presidente da República foi primeiramente ocupado por Mendes Cabeçadas e depois por Gomes da Costa.Posteriormente o general Óscar Carmona ocupou esse cargo até 1951, data da sua morte, tendo sido eleito sucessivamente por 4 mandatos.Após uma aparatosa entrada militar em Lisboa, imensamente aclamada pelo povo, os ventos da história pareciam trazer um regime Presidencialista, corporativista e autoritário, que foi de facto o que acabou por acontecer.Nesta altura surgiram algumas revoltas contra o poder então instalado, que de nada valeram, uma vez que o governo gozava do apoio da maior parte do exército, e até da esmagadora maioria da população.Posteriormente e a convite do primeiro ministro de então, Coronel Vicente de Freitas, António de Oliveira Salazar, Professor catedrático de Economia política da universidade de Coimbra, entrou para o governo como ministro das finanças em 27 de Abril de1928, cargo que ocuparia até 1933, ano em que viria a ocupar a presidência do Conselho De Ministros, pondo fim á ditadura militar, e instaurado o regime conhecido como Estado Novo, regime autoritário, nacionalista, corporativista de inspiração católica e conservador, de que se falará nas próximas edições.
Publicada no jornal "Noticias do Vale" no dia 20 de Maio de 2010